Monday, March 21, 2022

Passos


O sorvete cremoso de iogurte 

com calda de caramelo e frutas 

Rechaça o calor infernal...


Centelhas de ânimo correm

do esôfago e garganta refrescados

ao centro do cerebelo velho e carregado 

E quase afastam a realidade que espanta...


Na cabeça, o ralo cabelo

que resta, despenca, porque o mal 

pede, exige, o remédio forte...


Ali também replicam-se sombrios ruídos

que vão chegando cada vez mais perto,

como se fossem passos da indesejada morte.

O sorvete? Ah!, sim! Continua doce e gelado.

Imagem:Pixabay

Friday, August 07, 2020

SOBRE O AMOR DAS FILHAS E FILHOS

 

Quando por tuas conquistas reluzirem 
os olhos de um teu filho ou de uma filha, 
apesar de lutas, desencantos, sofrimentos, 
É bom saberes o que de verdade brilha! 

No resplandecer destas auras de esperança, 

não são o orgulho, a força, a inteligência, 
não é nada disso, na verdade, que reluz, 
pois tu conheces bem tua própria indigência... 

Veja, nestes brilhos, da vitória a verdadeira palma! 
Pois não são sós olhares que te aplaudem, 
Não são simplesmente olhos que cintilam! 

O que fulgura nas visadas da homenagem, 
o que exalta, emociona e engrandece é saber que, 
por trás desses olhares, sempre haverá um'alma...

Thursday, August 06, 2020

DESPEDIDA DE MÃE

 No último alento,

o beijo ao filho

mais velho, aflito,

impotente ao vê-la


estendida ali,

perdido o viço,

sumido o brilho...


Num suspiro suave,

expressão de calma,

Num sussurro breve,

Sela o seu perdão.


E, num bom perfume,

numa brisa leve,

surge nova estrela.


Tuesday, August 04, 2020

IMPULSOS (OU POEMA ROUBADO...)

Levar-te às
Fontes quentes
De onde sentes
a vida que
Brota e verte...
       Ir contigo aos 
Montes altos 
Por onde
Escorre 
O sangue fértil.
    Beijar-te
Em êxtase
Estar nos teus
Braços 

    Sentir o vento
Roçar-te a pele
Por um instante
Eterno

    Como se eu 
Fosse Deus
Plantando 
Primaveras...
    Vencer o tempo
O momento
Enquanto morre
Em mim o que
Não sou
E brota
O que és ou 

Serás, enfim...

Imagem: Pixabay.    


Sunday, August 02, 2020

INFÂNCIAS

A minha poesia
Sai da lida
Da agonia sentida
Na terra lavrada
Na alma lavada
No mar de cada dia

De ver a multidão
Espremida no coletivo
No batidão da favela
Como se ele mesmo fosse
Um coração afobado
A buscar refúgio

A buscar o vento
Como a vela de um veleiro
Pede para navegar

A minha poesia é sangue
Suor e sonhos
Desencaixotados
Soltos no mormaço
Do coletivo que se demora
A chegar ao destino 

Nessas tempestades
Onde se confundem
E se misturam 
o velho, 
O poeta 
e o menino...

Imagem: Kátia Debroi


Passos

O sorvete cremoso de iogurte  com calda de caramelo e frutas  Rechaça o calor infernal... Centelhas de ânimo correm do esôfago e garganta re...