Friday, August 07, 2020

SOBRE O AMOR DAS FILHAS E FILHOS

 

Quando por tuas conquistas reluzirem 
os olhos de um teu filho ou de uma filha, 
apesar de lutas, desencantos, sofrimentos, 
É bom saberes o que de verdade brilha! 

No resplandecer destas auras de esperança, 

não são o orgulho, a força, a inteligência, 
não é nada disso, na verdade, que reluz, 
pois tu conheces bem tua própria indigência... 

Veja, nestes brilhos, da vitória a verdadeira palma! 
Pois não são sós olhares que te aplaudem, 
Não são simplesmente olhos que cintilam! 

O que fulgura nas visadas da homenagem, 
o que exalta, emociona e engrandece é saber que, 
por trás desses olhares, sempre haverá um'alma...

Thursday, August 06, 2020

DESPEDIDA DE MÃE

 No último alento,

o beijo ao filho

mais velho, aflito,

impotente ao vê-la


estendida ali,

perdido o viço,

sumido o brilho...


Num suspiro suave,

expressão de calma,

Num sussurro breve,

Sela o seu perdão.


E, num bom perfume,

numa brisa leve,

surge nova estrela.


Tuesday, August 04, 2020

IMPULSOS (OU POEMA ROUBADO...)

Levar-te às
Fontes quentes
De onde sentes
a vida que
Brota e verte...
       Ir contigo aos 
Montes altos 
Por onde
Escorre 
O sangue fértil.
    Beijar-te
Em êxtase
Estar nos teus
Braços 

    Sentir o vento
Roçar-te a pele
Por um instante
Eterno

    Como se eu 
Fosse Deus
Plantando 
Primaveras...
    Vencer o tempo
O momento
Enquanto morre
Em mim o que
Não sou
E brota
O que és ou 

Serás, enfim...

Imagem: Pixabay.    


Sunday, August 02, 2020

INFÂNCIAS

A minha poesia
Sai da lida
Da agonia sentida
Na terra lavrada
Na alma lavada
No mar de cada dia

De ver a multidão
Espremida no coletivo
No batidão da favela
Como se ele mesmo fosse
Um coração afobado
A buscar refúgio

A buscar o vento
Como a vela de um veleiro
Pede para navegar

A minha poesia é sangue
Suor e sonhos
Desencaixotados
Soltos no mormaço
Do coletivo que se demora
A chegar ao destino 

Nessas tempestades
Onde se confundem
E se misturam 
o velho, 
O poeta 
e o menino...

Imagem: Kátia Debroi


Friday, July 31, 2020

RETROCRONO

Terra plana
Terra em pó
Terra chata
Passo atrás
Dominó

Dito falso
Sol na serra
Saia curta
Meia alta
Dominó

Eucalipto
Hortelã
Guaranis
Nhambiquaras
Dominó

Caiapó
Pernas grossas
Lagos, fossas
Buraqueiras
Dominó

Barrancadas
Maquinários
Veios fundos
pedra e só
Dominó

Terra plana
Terra em pó
Terra chata
Passo atrás
Dominó


Thursday, September 05, 2019

INTOLERAR

Mais um poema publicado na Pedemoleque. Uma honra! Obrigado, meu amigo José Pedro Soares Martins. Poema escrito sob o peso do ar que vai rareando nesses nossos dias. Dias de pouca tolerância. Dias em que o amor e solidariedade são só fumaça. Para ler, CLIQUE AQUI
#pedrofavarojr #freguês #chiadobooks

A letra morta
Muro erguido
Arma apontada
Fechada porta

O fogo

Faca sem fio
Adaga cega
Mira sem alça

O fogo

Furor que ataca
O tiro
Premeditado
Intolerante
Sem utopias

O fogo

Minado
inferno
Reza sem fé
Tão tristes dias!

O fogo…




Thursday, March 14, 2019

BANALIDADES















Sol parado
Terra plana
Pátria armada
Genocídios
Guerra santa
E as crianças
Chacinadas
Cerca e muro
Cusparada
Laranjeiras
Pregadores
Goiabada
Marmelada
Pobre gente
gente Pobre
Expatriada
Carpideiras
Adivinhos
É ganância
Represada
Metafórico
Apocalipse
Consumado
Lama e sangue
Misturados
Ódio puro
Gangrenado
Nada...

Saturday, January 18, 2014



















VIAGEM COM A LUA

A lua, cedo, distrai o escuro céu.
A mente ao sonho entregue...
A porta, a luz, a nuvem, muro,
o ser expande-se, viaja, e segue.

Alheia ao sol,  que arranha o leste
no levante, e aos poucos doura o alto,
esvai-se ela, em seu silêncio branco,
lindo, claro, diáfano, celeste, e cede

ao dia a crescer, imenso e quente. Imagem
de um turbilhão de sons, de cores e perfumes,
a desnudar o quase nada restante da noite.

O coração ao sonho pede e insiste tanto...
A mente clama outras manhãs, iguais e mansas,
Que na alma inflamam tão doce encanto. Viagem.

18/01/2014

Thursday, January 16, 2014



MANHÃ NA ESTRADA

Cedo a névoa
escurece a estrada
em trechos
iluminada
por luzes amarelas
pálidas, dormentes.
A mata coberta
de neblina,
na manhã cinza,
como que espreguiça
aos primeiros raios
do sol quente
que desponta.
E a brisa acaricia
os montes com
sua canção alegre
e refrescante.
E a minha alma
sempre distraída
como que desperta.
É a estrada!

16/01/2014

Saturday, August 03, 2013

POEMA PEQUENO

Pedro Favaro Jr.(agosto de 2013)



Um poeta 
Encontra porta
Mesmo só no branco
Ou na letra torta
Nunca veta
Por destreza
Ou por ética
A possibilidade
De se ver a beleza
Ou achar a morte 
Seja no menor fato
Na coisa mais amena
Por atitude sabe
E experimenta que
Poesia, que a palavra,
Jamais será
coisa pequena.

Friday, April 23, 2010

ILUMILHA

Brilha luz.
Reluz!
Teu brilho
Pontiagudo
Clareia
A minha
Trilha.
Brilha!
E no teu
brilho

me conduz.




Resplendor


Faz algum tempo se espera
Faz algum dia, uma hora.
Um não- sei- que rarefeito

E quando menos se vê
E quando se encontra menos,
Nota-se uma nada se quer!

Salve mundo gigante!
Salve escada rolante!
Salve esse banco encardido,
Salve-se quem puder!

Tudo em palavras, em pontos.
Em muda resplandecência,
Sílabas desencontradas,
Crianças, sonhos, mulher...

Tuesday, April 20, 2010

Tarde paulistana

A luz avermelhada lambe
As galhadas encobertas
De poeira cosmopolita.

O poente incendeia o céu
Na linha do horizonte,
Sob a ponte “Júlio de Mesquita”.

O sol morrendo no Oeste
Em solene presságio anuncia,
Na sofreguidão da tarde paulistana,
A noite que desnuda o dia.

Imersa, a imaginação vai, transita
Em êxtase ou talvez em agonia,
Na neurose marginal desta avenida.
Peregrina, na contra-luz. Poesia!

Gritos escondidos

A história e mesma
Dos mesmos sempres
Entre os fracos
E os valentes
Das falcatruas
Indecentes
Dos roubos
bem fornidos

Ninguém quer ver
Quer enxergar
Nem quer ouvir
Os gritos escondidos

Da vala aberta
Vala comum
Onde os povos
Acabam um

Em Saraievo ou em Kosovo
No Haiti, em Bagdá,
Na Palestina ou em Faluja
Em Israel, no Paquistão,
Entre afegãos
De velhas tribos
Ninguém quer ver
Quer enxergar
Nem quer ouvir
Os gritos escondidos

No Haiti, em Bagdá,
Na Palestina ou em Faluja
Em Israel, no Paquistão,
Entre afegãos
De velhas tribos
É a mesma guerra
Feroz e suja
Fria e fatal
De homens sem coração
Ninguém quer ver
Quer enxergar
Nem quer ouvir
Os gritos escondidos

Gemidos abafados
De velhos esmagados
Mulheres sem maridos
Meninos soterrados

Nas fotos dos jornais
Caixões são proibidos
A guerra não tem sangue
Nem dor,
nem tem gemidos.
Ninguém quer ver
Quer enxergar
Nem quer ouvir
Os gritos escondidos

Dos feridos
Dos mutilados
Dos guerreiros
combalidos
Dos rebeldes
quando explodem
De tanto sangue
aspergido
Das colunas
de soldados
Que não sabem
por quem marcham
Ou por quem
devam lutar

Ninguém quer ver
Nem quer ouvir
Quer enxergar
Os gritos escondidos.

Friday, October 13, 2006

poeminh@.com


poeminh@.com

Tempos loucos esses
Em que a letra se enfileira
E brilha fora da folha branca
Como numa esteira

E flui, e se derrama, e se diverte
E é lida em trama mal-acabada aqui

E do outro lado do mundo, na mesma hora,
Mesmo instante, na infovia, na internet,

Que de tudo, da rapidez que inquieta
E que até dos versos, na web, se aproveita,
Como movediça e demoníaca mais-valia

Que impiedosa, às rimas zomba e banaliza!
A musa, contudo, não sucumbe à nova mística,
Preservando em si, beleza e gozo , o ser poesia.

Passos

O sorvete cremoso de iogurte  com calda de caramelo e frutas  Rechaça o calor infernal... Centelhas de ânimo correm do esôfago e garganta re...