Tuesday, October 25, 2005
a todos os meus @migos (que saudade!)
Dia desses, assaltou-me insólito pensamento,
Arroubo, sórdida crise, talvez auto-piedade,
Quando estava a pensar em quanta andança
perde-se o homem, ao chegar à minha idade.
Quem poderia imaginar, qual meu amigo?,
veria assim o sem-juízo, o bruto, o insolente,
mudado de rebelde em pacato ser pensante
de família – e mais que isso –, convertido clérigo?
Nada disso, porém, foi que me entrevou de medo!
Foi pior, digo: foi assim uma espécie cruel de fantasia,
a ver-me andrajoso e mendicante no futuro, um dia,
Não a esmolar poder, riqueza, veste ou iguaria.
Mas a implorar a todos pelos amigos que partiram
riquezas minhas, todos dos quais me separei tão cedo.
noite
Sunday, October 16, 2005
soni@, meu amor da vida inteira 27/8/2001
Ah! Como eu queria ser inspirado como o foram
Tantos poetas apaixonados que, em tantos versos,
Com doçura, cantaram a candura das amadas,
As Julietas, Dulcinéias, Beatrizes e seus encantos!
Por certo faltariam versos, métrica, rima.
Faltariam palavras, mesmo sem faltar a meta...
Elas, em mim, lutam, feito duelo de esgrima,
a gritar, a repetir que longe estou de ser poeta.
Faltam palavras, sempre, aliás, na alma tímida e confusa...
E, certas vezes, falta o dote maior que é o da alegria.
No entanto, tenho de todas as venturas, a primeira:
Eu encontrei o meu amor da vida inteira!
Muito melhor é ser poeta sem palavras, sem poemas,
que um trovador que ainda não achou a sua musa!
Sunday, October 02, 2005
rep@ro
reparo (a uma amiga poetisa)
Ainda que de meus infernos, pelas manhãs,
Deseje eu desfrutar, como dizes, uma tênue leveza
Ou a sensação que espraia o tempo, o cronos,
Dentro de mim, a me fazer de idéias sãs voltar à ânsia;
Que me recuam a um tempo que eu não mais sentia,
No minuto que, em teus versos, me fazes palpar o diferente,
Quero apenas concordar com a maestria de tuas rimas
- orvalho que, de fato, tira o pó de meus olhares, neste dia!
É breve a natureza e ela, sem piedade, me apura e tece!
E é certo ter eu, de mim mesmo, ignorância da mais profunda,
Ou reparar bem pouco - ou nada - no sol que me amanhece.
Raramente, neste estar só, me desvenda a vida de outro modo...
Todavia, discordo que ela passe assim, de mim despercebida!
Eu sim dela - seus encantos e desditas -, pareço passar à revelia.
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